Pirataria persistente

O transporte público esteve em discussão nos últimos dias de forma negativa. Criminosos se utilizaram da fragilidade de passageiros para roubar e estuprar. Agressões e violência no trânsito provocaram acidente e mortes. Problemas que mostram a vulnerabilidade de nossa sociedade nos quesitos educação e fiscalização.

Costumamos cobrar do governo atitudes contra roubos e agressões. No trânsito, isto não é diferente. Queremos mais fiscalização. E nosso desejo é esbarrado na quantidade de fiscais aptos a patrulhar permissionários. Diante dos milhares de piratas em atuação, retirar 40 deles por dia é muito pouco. Eles são mais de dez mil. Caso os falsos permissionários deixassem de repor os veículos apreendidos, as autoridades precisariam de 13 meses para retirá-los de circulação definitivamente.

O problema é que a pirataria não cede. Se o Poder Público retira quarenta veículos de circulação por dia, os piratas os repõem com facilidade. Basta ver o estado de conservação desses veículos.

Com o Rio de Janeiro repleto de turistas estrangeiros, a repercussão de um estupro covarde no interior de um veículo de passageiros está sendo desastrosa, mas necessária. Dias antes, a vítima era brasileira. E nada aconteceu. Apesar do conhecimento de delegadas, mulheres das quais esperaríamos solidariedade a mulher atacada, nada foi feito. A consequência foi que os mesmos bandidos continuaram a praticar estupros, certos da impunidade.

E o problema não é só na capital. Os agressores dos estrangeiros atravessaram três municípios da Região Metropolitana fluminense sem qualquer impedimento por parte da polícia. Atravessaram a Ponte Rio – Niterói, foram até São Gonçalo, passaram por Niterói. Tudo indica que eles fizeram este trajeto por vários dias. Como uma van pirata circula pelas ruas de Copacabana por alguns dias sem ser notada?

Tentando responder, a Prefeitura do Rio rapidamente baixou medidas. Proibiu o uso de película escura nas vans e Kombis. Todos os veículos autorizados devem retirá-las em dois dias. A Prefeitura do Rio também intensificou as fiscalizações, apesar do pouco número de agentes. Medidas normais e esperadas em casos de grande repercussão. Pena que um estrangeiro tenha que ser vítima para que as ações contra a violência sejam tomadas.

Quanto à educação, é necessária uma mudança no pensamento do cidadão. Não podemos aceitar qualquer coisa que nos é oferecida. Entrar em veículos piratas, de baixa qualidade, viajar de pé em vans, aceitar ônibus em péssimas condições, tais atitudes só estimulam as atividades piratas e irregulares. Precisamos, também, tomar posição.