CPI do Theatro Municipal afasta esquema de corrupção apoiado pelo PT

CPI foi encerrada, mas MP continuará investigando

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Theatro Municipal foi instaurada na Câmara Municipal de São Paulo em 08 de junho, após denúncias de desvio de dinheiro público pela fundação que administra o Theatro. Os vereadores Salomão Pereira (PSDB), Quito Formiga (PSDB), Ricardo Nunes (PMDB), Sandra Tadeu (DEM), Police Neto (PSD), Paulo Frange (PTB) e Alfredinho (PT) fizeram parte da comissão.

Em 17 de março o ex-diretor da Fundação, José Luiz Herencia, fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público (MP) para explicar o superfaturamento de contratos que podem ter gerado um prejuízo de cerca de R$ 18 milhões à prefeitura. O esquema usava, inclusive, a emissão de notas frias para oficializar a saída do dinheiro público. O secretário de comunicação da prefeitura, Nunzio Briguglio Filho, também foi citado na delação.

Diante dos fatos os vereadores solicitaram o bloqueio do passaporte e o afastamento do maestro John Neschling do cargo de diretor artístico do Theatro. Neschling havia sido indicado pelo prefeito Fernando Haddad. Na última convocação pelos vereadores o maestro se recusou a comparecer para depor, mas os vereadores tinham uma liminar que exigia a presença dele, até mesmo com o uso de força policial.

A Prefeitura investiu no Theatro Municipal em 2016 o montante de R$ 120 milhões, valor insuficiente em razão do esquema de corrupção. “As irregularidades foram tantas que seria motivo de impeachment do prefeito. O tempo não foi suficiente, porque a CPI só foi aprovada em 2015, sendo que em 2016 o período eleitoral prejudicou o seu andamento”, afirmou o vereador Salomão.

A CPI do Theatro Municipal foi encerrada em 07 de outubro, após o presidente da Câmara, Antonio Donato, não aceitar a prorrogação dos trabalhos. Mesmo com o encerramento, um relatório em separado está sendo elaborado pelos vereadores Salomão Pereira, Quito Formiga e Ricardo Nunes, e será encaminhado ao Ministério Público que continua apurando os fatos.

“A maior roubalheira foi montada na Fundação do Theatro Municipal, sob o comando do maestro John Neschling, que tinha o aval do prefeito Fernando Haddad. A cada sessão da CPI descobríamos mais uma falcatrua. Esperamos que o Ministério Público, com o relatório apresentado por nós três, possa tomar uma decisão”, declarou o vereador Salomão Pereira.