Editorial

O futuro da profissão que precisa se reinventar.

O que os taxistas têm pela frente é o desafio da mudança. O que até bem pouco tempo atrás estava consolidado, firme e inabalável, perdeu sua estrutura com a chegada ao mercado dos aplicativos que prestam serviço de transporte individual remunerado. A sociedade passou a olhar para esse sistema como uma alternativa que nunca havia sido dada. E por isso a simpatia pelo novo, pelo moderno...

Já os taxistas se assustaram em um primeiro momento. O que estava em jogo era a sobrevivência da categoria, em meio a uma concorrência desleal e predatória. Talvez por isso os profissionais se apegaram tanto aos aplicativos que optaram por trabalhar apenas com taxistas, dando a eles todo o poder de negociar as corridas e fidelizar os passageiros.

Porém, o tempo mostrou os erros dessa história. Os aplicativos, que antes exaltavam os taxistas e os tinham como “parceiros”, passaram a explorá-los inescrupulosamente, com taxas cada vez mais abusivas. Mas agora, com os passageiros já acostumados a pedir um táxi pelo celular, como deixar de atender a essas chamadas mesmo sabendo do prejuízo?

Olhando também a outra parte, o desemprego gerado pela crise econômica brasileira forçou milhares de pessoas a tentar a sorte como motoristas de aplicativos. Aos poucos eles também estão enxergando que entraram em um sistema exploratório, sem direitos e garantias. Podemos concluir que os únicos felizes com tudo isso são as multinacionais que viram no Brasil uma mina de ouro em termos de mão de obra barata e passageiros carentes por um pouco mais de atenção.

Para os taxistas, é tempo de se reinventar. Não com soluções mirabolantes ou extravagantes, mas com união e estabilidade. É preciso resgatar a credibilidade da categoria para a sociedade, algo que foi perdido em meio a manifestações desastrosas que nada trouxeram de lucro. Os táxis, como previam os mais pessimistas, não irão desaparecer: irão ficar cada vez melhores, guiados por pessoas mais preparadas de olho no futuro.