Taxistas de várias partes do Brasil participam de manifestação no Rio contra aplicativos irregulares

Evento acelera discussão de projetos contra a pirataria e pede maior fiscalização do setor

O dia 24 de julho de 2015 marcou a luta dos taxistas contra o transporte ilegal de passageiros por veículos não regulamentados, agora facilitado por aplicativos. Desde a madrugada, centenas de táxis de várias cidades do Brasil rumaram para o Aterro do Flamengo, área reservada pela Prefeitura para a manifestação dos profissionais. O protesto durou toda a manhã e reuniu políticos, integrantes do Poder Executivo e até a OAB, todos contra a ilegalidade da pirataria. O resultado foi o reforço na fiscalização por parte do Poder Público.

Em pouco tempo, a pista lateral do Aterro do Flamengo foi tomada por táxis. Além do Rio de Janeiro, viaturas de capitais como São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, eram vistas juntamente com táxis dos municípios da Baixada Fluminense, de Niterói, Guarulhos, Cataguases, entre outros. A diversidade de profissionais deu ao evento um caráter nacional. O Brasil se une aos outros países que lutam contra a ameaça do Uber e de outros aplicativos semelhantes facilitadores da fraude.

Márcio, taxista de São Paulo, participou da manifestação carioca, acompanhado por 60 taxistas paulistas. Eles reforçaram os protestos:

“Esse Uber está pegando nossas corridas. Está difícil. Em São Paulo, a prefeitura pega quinze carros por dia. Aderimos a para ajudar. Aqui tem gente de tudo quanto é lado. Vamos apoiar manifestações deste tipo em qualquer estado”, disse.

O companheiro paulista Felipe fala das reclamações dos passageiros:

“ Tem muita gente que tem motivo para reclamar de taxista. Hoje tem passageiro para tudo mundo. Ninguém precisa fazer hora extra com passageiro. Não dá para dar espaço para o Uber”, Disse Felipe.

A cidade de Curitiba foi representada na manifestação. O taxista Edgar Afonso é motorista da capital paranaense há 32 anos. Ele diz que a pirataria ainda não chegou na cidade, mas eles já estão se precavendo:

“Esses que estão querendo se implantar no Rio e em São Paulo não oferecem segurança nenhuma. Em Curitiba, um dos canais de TV por assinatura exibiu a situação dizendo que ninguém controla o motorista do UBER. Mas, há mais de dois anos nós estávamos avisando que isso iria chegar. Viemos apoiar”, disse.

O taxista Cleidson Marcos Santana, o Marquinhos do Gatap, de Belo Horizonte, disse que na capital mineira está pior:

“Lá já aconteceu conflitos físicos. Os motoristas desse aplicativo clandestino provocam os taxistas legalizados, que na ânsia de tentar resolver acabam fazendo justiça. Tivemos uma boa reunião com o comando da Polícia Militar que passou a fiscalizar com mais insistência. As lideranças estão de parabéns.”, disse.

Durante a manifestação, o deputado estadual Dionísio Lins anunciou as ações da Alerj contra o aplicativo. “Não vamos aceitar nenhum aplicativo que substitua os pontos de táxi ou que cadastre carros particulares para serviço de transporte de passageiros”, disse.

Dionísio Lins apoiou a manifestação dos taxistas. Falou das ações impetradas por ele na Justiça contra os aplicativos Uber, Resolve Aí e 99 Táxis:

“Tem aplicativo patrocinando clube de futebol e dando desconto. De onde vem este dinheiro? Isso tem que acabar”, disse o parlamentar.

Representantes de diversos grupos fizeram discursos para os taxistas. Em determinado momento, um grupo de motoristas tentou impedir o trabalho de uma equipe de reportagem das organizações Globo. Houve um pequeno tumulto, mas os líderes do movimento intercederam e a equipe voltou momentos depois.

Outra situação tensa foi relacionada ao presidente do Sindicato dos Taxistas do Rio de Janeiro. Ao pegar o microfone, taxistas vaiaram e não o deixaram falar.

O evento terminou com o pronunciamento da direção da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro. Através do advogado Abdul Nasser, a OAB-RJ se comprometeu a ajudar os taxistas.