HISTÓRIAS DA PRAÇA

A partir dessa edição, a Folha do Motorista irá contar histórias curiosas, engraçadas, perigosas e inacreditáveis dos taxistas de São Paulo.
     
Taxista apaixonado por inglês ganha curso de passageira

O taxista Oswaldo José dos Santos, na praça há 18 anos, conta que seu interesse pelo inglês teve início com uma passageira que morava na Itália, e veio visitar a família no Brasil. Ela falava italiano e inglês, e Oswaldo começou a anotar tudo o que ela falava em inglês para repetir depois. “Meus amigos riam e caçoavam porque eu não sabia pronunciar corretamente as palavras, mas fui em frente”, conta ele. Quando a passageira retornou para a Itália, Oswaldo continuou estudando sozinho, anotando palavras em inglês para traduzir depois e perguntando para seus passageiros fluentes no idioma como falar certas expressões. “Até frases de camisetas eu anotava, porque tinha que treinar de alguma forma”, relata Oswaldo.

Seu destino começou a mudar quando uma vizinha ligou para o ponto de táxi em que trabalha e solicitou uma corrida para uma amiga. Ao chegar, foi apresentado à passageira, e como de costume, falou “Good evening, my friend. My name is Oswaldo. What´s your name? Open the door, please. Welcome to my car” (Boa noite, minha amiga. Meu nome é Oswaldo. Qual o seu nome? Abra a porta, por favor. Bem vinda ao meu carro). Muito comunicativo, Oswaldo contou à passageira sua vontade de aprender inglês, e qual não foi sua surpresa quando ela lhe disse que era proprietária de uma escola de idiomas.    

A passageira, então, ofereceu a Oswaldo um curso de inglês completo e gratuito em sua escola. Isso aconteceu há três anos, e hoje ele está no nível intermediário. Mas Oswaldo lembra: “É preciso praticar muito o inglês, porque a fluência só vem pela prática. Por isso eu não perco uma oportunidade de conversar em inglês com meus passageiros”. Ele também personalizou seu carro com frases em inglês escritas em vários locais, e ainda oferece balas e doces para quem entra em seu carro. “No fim do ano passado distribuí 1.000 calendários personalizados, com minha foto e desejos de boas festas em inglês. Meu cartão de visitas também é bilíngüe, e atendo meu celular em inglês”.

Oswaldo conta que sua clientela também valoriza mais um taxista que fala inglês, e ele possui contatos em Dallas, Los Angeles e Londres que o indicam para estrangeiros que virão ao Brasil. “Os passageiros de outros países me enviam e-mails dizendo o dia e horário que vão chegar, e eu vou buscá-los no aeroporto com uma plaquinha com seus nomes”, conta ele.
“Tenho passageiros de outros países, como da França, e nos comunicamos em inglês também. Eu estou fazendo a minha parte para atender melhor meus passageiros, mas não sei como será na Copa do Mundo. Estou à disposição de todos, mas gostaria de ser contratado para ficar com um grupo de turistas por vários dias”.

Agora, seu sonho é ir para os Estados Unidos ou Inglaterra, fazer um curso de inglês e aperfeiçoar sua pronúncia. Para isso ele está se preparando: “Já tirei meu passaporte e guardo um dinheirinho para fazer essa viagem. Gostaria de ir antes da Copa do Mundo no Brasil, mas se não for possível, vou depois. Esse é o meu objetivo”.

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