Salomão Pereira é entrevistado por Heródoto no Jornal da Record News

No último dia 20/09 Salomão Pereira foi entrevistado por Heródoto Barbeiro no Jornal da Record News, que é exibido de segunda à sexta, às 21h. Em pauta estavam dois assuntos de interesse dos taxistas de São Paulo: a proibição da circulação dos táxis nas faixas exclusivas de ônibus e a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que deu prazo de 180 dias para a realização de uma licitação dos alvarás na cidade. Salomão, como vereador suplente e editor da Folha do Motorista, foi escolhido para discutir e defender os interesses da categoria pela direção da emissora.

A entrevista foi dividida em dois blocos. Na primeira parte, Heródoto Barbeiro questionou Salomão Pereira sobre uma das principais reivindicações dos taxistas no momento: o direito de trafegar pelas faixas exclusivas de ônibus. Salomão explicou detalhadamente que os táxis não atrapalhariam o transporte coletivo, e que um serviço que é utilizado por 450 mil pessoas todos os dias merece ser mais bem aproveitado pelo poder público. Além disso, os passageiros estão sendo prejudicados, já que as corridas saem muito mais caras com os táxis enfrentando o trânsito da cidade.

O telejornal já havia recebido o promotor Antonio Silvio Marques, que solicitou à justiça a realização de uma licitação dos alvarás, e precisava conhecer a versão dos taxistas para a questão. Na segunda parte da entrevista, Salomão Pereira, baseado em leis, detalhou que a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo foi equivocada, e que não existe “licitação” para pessoa física, e sim jurídica.

Heródoto Barbeiro, âncora do Jornal da Record News, lembrou no ar que conhece Salomão Pereira há muitos anos, assim como a Folha do Motorista, que teve sua última edição mostrada ao vivo pelo jornalista. A entrevista consolida Salomão Pereira como o representante dos taxistas de São Paulo, e é um reconhecimento pelos anos de luta desempenhada por ele em favor dessa categoria de trabalhadores.       

Confira os principais trechos da entrevista de Salomão Pereira no Jornal da Record News, com Heródoto Barbeiro

Heródoto Barbeiro: Salomão, como fica a situação dos taxistas, se agora tem as faixas onde só ônibus pode circular, e táxi não pode?
Salomão Pereira: Cada dia está mais difícil ser taxista na cidade de São Paulo. O Prefeito e o Secretário de Transportes precisam rever essa situação. Por exemplo, um passageiro que pega um táxi no Aeroporto e vai até a região de Santana, usando a faixa será atendido em 15 minutos, e a corrida sairá por 30 ou 35 reais. Se o táxi rodar pelo meio do congestionamento, essa corrida custará 60 reais. Veja o prejuízo. Isso está ocasionando uma fuga de passageiros, que acabam não utilizando mais o serviço de táxi. Se o taxista pode transitar nos corredores, por que não também nas faixas? O serviço de táxi em São Paulo transporta 450 mil passageiros por dia. Então, veja o potencial disso.

Heródoto Barbeiro: O prefeito diz que se colocar o táxi na faixa vai atrapalhar o ônibus.
Salomão Pereira: Isso não procede. A partir do momento que o taxista usa a faixa com o passageiro ele vai seguir a velocidade do ônibus. O que não pode é pegar um passageiro e ir para o trânsito. Precisamos incentivar as pessoas usarem o transporte coletivo e os táxis.

Heródoto Barbeiro: Quando nós, aqui da Record News, fomos para Londres trabalhar nas Olimpíadas, vimos que lá os táxis não entram na faixa de ônibus. E aí?
Salomão Pereira: Cada país tem a sua cultura, e se nós levarmos em consideração outros países fica difícil fazer essa comparação. A cidade de São Paulo não é uma cidade planejada. Você pega uma avenida e termina em outra avenida congestionada. Uma rua termina em outra rua congestionada. Isso vira uma confusão, um inferno. Então, porque não priorizar, além do transporte coletivo, o serviço de táxi?

Heródoto Barbeiro: Não seria melhor o prefeito, como em outras cidades do mundo, retirar os carros particulares? Temos 400 novos carros por dia na cidade.
Salomão Pereira: Isso é outra situação. Nós não podemos impedir que as pessoas comprem carros, mas podemos discipliná-las. O que precisa é coragem do Prefeito e do Secretário de Transportes para adotar novos procedimentos, talvez até um sistema de rodízio diferenciado.

Heródoto Barbeiro: Salomão, o promotor Silvio Marques veio aqui e disse que há uma lei dizendo que o táxi é uma concessão pública, e concessão pública tem que ter licitação. A justiça deu um prazo para a prefeitura de 180 dias para acertar a situação dos 35 mil taxistas de São Paulo. Esse prazo termina em janeiro. O que vai dar isso?
Salomão Pereira: Com todo respeito ao promotor, mas essa decisão está errada. Ela foi tomada com base no artigo 175 da Constituição. Temos que ler esse artigo e ler o parágrafo único também. Eu acredito que o parágrafo único não foi lido. Está escrito: regime de concessionárias de serviços públicos, empresas que trabalham pelo sistema de contrato, e não táxi, que é um sistema individual de transporte de passageiros. E o documento expedido a ele é uma autorização a título precário.

Se lermos toda a Constituição não encontraremos menção do serviço de transporte individual de passageiros, “táxi”. Isso porque o serviço de táxi foi considerado um “bico” por mais de cem anos, e foi regularizado há dois anos, pela lei 12.468. Então, qualquer decisão tomada com base na Constituição não tem legitimidade.

Heródoto Barbeiro: Vamos partir da hipótese da justiça acatar o pedido do promotor, e haver licitação.
Salomão Pereira: Como se licita pessoa física? Licita-se pessoa jurídica. Como vai tirar o meu direito e dar para outro? É uma situação sem coerência.

Heródoto Barbeiro: O promotor falou que um alvará em São Paulo custa de 60 a 200 mil reais.
Salomão Pereira: Motorista não vende alvará, e nem a prefeitura. Você compra um táxi, e não um alvará. O poder público legaliza os documentos de transferência de um para outro. O alvará faz parte do veículo táxi, e não há qualquer tipo de negócios sem que ele faça parte do veículo.