HISTÓRIAS DA PRAÇA - São Paulo

A Folha do Motorista conta histórias emocionantes, engraçadas, perigosas e inacreditáveis dos taxistas de São Paulo.

“Imaginei que nunca iria acontecer comigo, mas fui vítima de um golpe”

Os taxistas estão expostos a todo tipo de riscos durante o desempenho de sua profissão. Diariamente existem roubos, furtos e violência. Além disso, muitos profissionais da praça são vítimas de golpes. Alguns, por constrangimento, não comentam essas situações nem para a própria família. Hoje vamos contar uma história que Paiva, taxista com mais de 40 anos de praça, viveu.

Paiva nos conta que foi chamado a uma loja para atender um passageiro. Chegando ao local, foi informado pelas funcionárias do estabelecimento que ele iria atender um grande empresário do Mato Grosso, que estava em São Paulo para fazer compras. O passageiro chegou, muito bem vestido, e solicitou que as funcionárias da loja guardassem suas compras, pois ele precisava ir até a Rua 25 de Março e retornaria para buscá-las. “Percebi que havia muitos pacotes e sacolas separados, e acreditei que realmente se tratava de um empresário”, lembra Paiva.

A viagem no táxi foi agradável. O empresário conversava muito, contando sobre sua vida, suas viagens mensais para São Paulo para fazer compras e suas empresas. Disse que era cliente da loja há mais de 10 anos, e contou que a compra daquele dia havia ficado em 5 mil reais.

Ao chegar à Rua 25 de Março, o empresário se deu conta de que havia esquecido seu dinheiro e cartão de crédito com o sócio, que estava em outro local também fazendo compras. Como precisava de 300 reais para comprar um produto na Rua 25 de Março, pediu um empréstimo ao taxista, e prometeu ressarci-lo assim que retornassem para a loja onde estavam suas compras. “Eu pensei que não era um golpe, porque ele havia deixado todas as suas compras na outra loja, e teria que voltar para buscá-las. Imaginei que ele realmente tinha esquecido o dinheiro”, disse o taxista.

Então, Paiva decidiu entregar os 300 reais para o empresário, que saiu do táxi dizendo que não iria demorar. Depois de um tempo considerável, Paiva se deu conta de que alguma coisa estava estranha. “Decidi então voltar para a loja onde estavam as compras, porque ele teria que voltar para buscá-las. Mas, quando as funcionárias do local me disseram que também estavam esperando por ele, percebi que realmente ele tinha me passado para trás. Elas disseram que o tal empresário havia ficado duas horas escolhendo e pedindo para empacotar vários produtos e, no final, disse que iria de táxi pegar o talão de cheques com seu sócio para pagar as mercadorias. Eu fui mais uma vítima de um golpe que achei que nunca iria cair”, desabafa Paiva.
    
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